O Milagre das Relações Humanas e sua Comunicação.
Houve um tempo em que queria o
poder da invisibilidade para não ser vista por todos os que estavam à minha volta.
Não foi sempre assim. Quando criança amava as palavras, as pessoas. O mundo infantil se mesclava com a fantasia adulta de minha mente de menina e carregava para o alto das goiabeiras os personagens que cruzavam meu caminho: meus amigos, a professora, meus pais e meus irmãos. Todos eles preenchiam com frases animadas de minha fantasia os diálogos que tomavam forma em minha mente.
Cresci entre árvores e personagens imaginários que treinaram minha comunicação.
Meu pai era um homem de poucas letras e muitas palavras, mal sabia escrever seu nome, mas a linguagem verbal e não verbal inspirava qualquer pessoa que dele se aproximasse.
Adorava ouvi-lo falar, amava suas histórias e o modo apaixonado como falava de um mundo imenso e sem porteiras. Quando ele morreu a rua da cidadezinha empoeirada se viu metrópole diante de tantos carros e gente. O silêncio do adeus calava a voz, hora rouca, hora desafinada que entoa em meus ouvidos como melodia que jamais cessa.
Minha mãe, ao contrário do pai, falava pouco, quase nada. O toque, o gesto sutil de um cafuné valia seus discursos jamais ditos. Um dia ela me disse: “Eu te amo”, eu era adulta, chorei. Foi uma única vez, mas soou doce e grandiosa essa frase. Gravou-se na memória e não se foi com seu último suspiro.
Entre o dizer do pai e as não-palavras da mãe encontrei na linguagem a minha forma de expressão. Sempre soube que não importava a forma, eu faria das palavras ditas e escritas amigas de todos os momentos.
Relacionar-se é uma arte e cada vez que sirvo de mediação de um casal que busca se entender, ou faço uma sessão aparando arestas, ressignificando conceitos de um profissional que anseia inseguro as horas que antecedem uma grande palestra ou de um indivíduo que está diante daquele passo que pode mudar uma vida, um rumo, como uma entrevista de trabalho ou uma reunião de negócios, me alegro, de poder estar diante do desafio da busca da comunicação refinada, seu poder e seus meandros.
Cada vez que olho para meu filho e marido e percebo, que estamos juntos, a cada dia, fortalecendo nossos laços e amor, através da força da linguagem e da boa comunicação, me orgulho! Hilda Medeiros